• sexta-feira, 24 de abril de 2020


    A garota de cabelos avermelhados caminhava pelos corredores cavados em pedra dentro daquela grande caverna. Em sua mão uma lanterna de bolso a ajudava iluminando o caminho. Ao seu lado estava seu fiel companheiro, um canino de pelagem alaranjada com manchas negras, ao redor de seu pescoço uma "juba" de pelos mais claros era vista. Um belo e astuto Arcanine. Ele a acompanhava de perto lhe protegendo das criaturas que vivem na escuridão da caverna, em sua maioria Zubats e Woobats vivendo em bandos.

    No chão, além das pedras e estalagmites que ali se formavam, podia se ver trilhos enferrujados e há muito abandonados. Já nas paredes e em parte do teto, pilares de madeira se erguiam para sustentar as escavações. As vigas de madeira apresentavam sinais de desgaste decorrente do tempo e da ação de pokemons. Os corredores eram longos e estreitos, o que somado a altura da moça apenas dificultava ainda mais sua passagem, mas ainda assim isso não seria motivo o suficiente para lhe parar.
     — Ei Kiara,  acho que estamos no lugar certo dessa vez.
    Kiara concordou com a cabeça, já estava acostumada a sua treinadora o fazer rodar por vários lugares em busca desse algo que sempre buscavam, entretanto durante todos esse tempo que buscaram juntas ela nunca obteve sucesso em nenhuma de suas caças, talvez por isso ela sempre dizia sentir que estavam no lugar certo mesmo não estando. Ela tentava dizer pra si mesma que dessa vez daria certo. Se nem ela acreditasse nisso, como poderia continuar seguindo em frente? Não tinha ninguém ao seu lado além de seus pokemon, ela precisava ser a chama que mantém viva sua esperança dando forças para seus companheiros, e, para conquistar seu desejo, essa chama iria queimar até sua morte.

    ...

    Enquanto isso, o M.V. Cloto ancorava nas terras da Cave Island. O porto era bem maior que o de Torom, mesmo que se encontrasse bem mais vazio. A ilha não era exatamente o local mais visitado pelos turistas, ainda que alguns fizessem passagem por ali, seu grande porto era resquício dos seus dias de glória. Em seus tempos áureos este era sempre cheio, navios iam e vinham a todo instante levando grandes carregamentos de carvão e diversos minérios. Suas cavernas eram a riqueza do povo, e humanos e pokemon abriam túneis nas rochas e desbravavam as profundezas das minas, mas hoje seu brilho se apagara como uma jóia que perdeu sua cor. 
    Ainda assim, para a garota que corria apressada pelos corredores do navio, aquilo não poderia importar menos. Estava animada. Muito animada. Pela primeira vez em sua vida iria conhecer um lugar diferente daquele em que sempre viveu. Seu coração palpitava e seu estômago revirava, mas ainda assim ela não parecia se afetar por aquilo. O frio na barriga não podia lhe parar. Junto a ela seu fiel escudeiro Tomy, o Rotom, flutuava ao seu lado. Os dois passavam esbarrando pelos tripulantes da embarcação enquanto ela se desculpava pelos encontrões. Em realidade ela não tinha uma necessidade real de estar correndo. Combinara com Oliver que iriam se encontrar na saída principal do navio pois precisava pegar alguns pertences deixados em sua cabine. Entretanto ela não corria por medo de o deixar esperando ou por vontade de lhe ver. Mesmo gostando de seu mais novo amigo, se é que poderia o chamar assim, sua real agitação se dava pela curiosidade pelo desconhecido e pela pressa em ser uma das primeiras a desembarcar.
    Seu Rotom fazia barulhos tentando tranquilizá-la, mesmo que não surtisse efeito algum.
    — Droga, droga, droga… Vou pegar uma fila enorme! – dizia para si mesma enquanto dobrava em uma interseção sem prestar muita atenção.
    Sua pressa não a permitiu perceber que duas garotas atravessavam em seu caminho, e nisso esbarrou nas duas com tudo. Kai logo se encontra no chão, e as outras duas tal qual também beijaram a lona.
    — PELO AMOR DE KYOGRE! EU VOU ESBARRAR NESSE NAVIO INTEIRO?!
    Kailani se recupera e, erguendo o busto, olha para as pessoas que derrubara. Uma garota de longos cabelos negros e espetados, cujos olhos eram tão escuros quanto, se encontrava no chão, e esta usava uma blusa avermelhada junto dum short branco.


    Junto a ela estava um pequeno felino que parecia assustado. Duas grandes orelhas eram vistas em sua cabeça, e sua pelagem era metade azul e metade preto com alguns detalhes amarelados, com a cauda preta contendo algo semelhante a uma estrela de quatro pontas no final. Caída ao lado da menina e de seu pokémon havia um rosto já conhecido para Kai, a garota que enfrentara mais cedo, Ayla e seu Smeargle.
    O pokémon da garota já se encontrava em um estado melhor e parecia totalmente saudável, exceto por um pouco de sujeira devido às quedas em cadeia causadas por Kai. 
    — Pra quê tanta pressa? O navio não vai sair correndo por aí. – dizia Ayla percebendo de quem se tratava, levantando-se e logo dando sua mão para que a outra vítima também se levantasse.
    Kai termina de se erguer sozinha, já se desculpando pelo incidente e prometendo que tomaria mais cuidado.
    — Eu tava indo pra área de desembarque, marquei com um amigo lá, se é que já dá pra chamar de amigo... E vocês? A propósito me chamo Kailani, e você? Quem é? Adorei seu cabelo, é tão lindo! – a garota parecia despejar informações aleatoriamente sem pausas para respirar, difícil dizer se seria causado por sua pressa em sair dali ou se simplesmente estava nervosa e tivesse se atrapalhado ainda mais após derrubá-las. Talvez um misto de tudo isso e mais um pouco. 
    A garota dos cabelos longos parecia meio confusa com a enxurrada de palavras tão repentina.
    — É.., meu nome é Rafaella, sou uma treinadora e obrigado pelo elogio, eu acho…
    Ayla se divertia com a cena, já gostava da personalidade da garota que mal conhecera, ainda que ela provavelmente tivesse algum problema para sair correndo sem rumo por aí. 
    — Por que precisa correr tanto para ver um amigo? Ele vai te abandonar se você demorar um pouco? – perguntou Rafa.
    — Nem, duvido muito que ele parta sem mim. Ele que me convidou, mas eu queria chegar na ilha rápido. – Kai replica para a outra.
    — Nesse caso vem com a gente! Estamos indo pro mesmo lugar, se eu te deixar solta você ainda mata alguém. – Ayla oferta para Kai.
    — Mas eu prometi que não ia mais correr… — cabisbaixa.
    — Se você não vai correr, qual o problema em ir andando com a gente? – Ayla questiona, divertindo-se com a ingenuidade da menina.
    A garota tinha um ponto, e Kai odiava não ter uma resposta melhor para isso, então logo se conformou. Uma companhia serviria de distração, afinal.  As três iniciaram sua caminhada, e Kai parecia empolgada em conversar com garotas de idades próximas a dela, já Rafaella, no entanto, olhava confusa para a primeira. Nunca vira essa garota antes, ela dormira um pouco além da conta durante um dia e sua companheira já encontrara uma nova amiga. Ayla, percebendo sua confusão, logo explicou os eventos que aconteceram durante a manhã, com direito a narração da batalha entre elas e a algumas licenças poéticas para torná-la mais empolgante de ser ouvida.
    — Vocês viajam juntas há muito tempo?
    As duas pararam pra pensar um pouco, e logo o tempo em que começaram parecia tão distante... Mas ao mesmo tempo era como se fosse ontem. Uns seis meses, foi o que concluíram juntas.
    Os olhos de Kai brilhavam. Para elas era apenas algo normal, mas para a garota dos cabelos acinzentados aquilo seria um sonho se realizando. As encheu de perguntas. De onde eram? O que faziam viajando? Como chegaram nesse navio? 
    Descobriu mais coisas sobre as meninas. Ayla era de Capacia, e Rafaella vinha de Honey, ambas nascidas no arquipélago. Viajavam juntas pelo puro acaso do destino. Duas jovens que se encontraram em meio a imensidão do oceano e decidiram que seria uma boa idéia seguirem juntas, e até agora não tinham do que reclamar, adoravam a companhia uma da outra e não se importariam de vagar por esses mares enquanto estivessem juntas.
    Kailani ouvia tudo atentamente. Não diria isso para elas, mas lá no fundo de seu coração sentia uma invejinha delas. Gostaria de ter uma relação assim com alguém algum dia, mas por enquanto se contentaria em focar na sua missão até Honey. Se ficasse pensando em tudo o que poderia ser o futuro não aproveitaria o presente e se odiaria por isso mais tarde.
    O trio caminhou por quase dez minutos falando de trivialidades da vida de forma descontraída. Andavam despreocupadamente sem pressa alguma. Estar com outras pessoas manifestava um efeito tranquilizante em Kai, quando sozinha ela se perdia em seus próprios medos e pensamentos. 
    Seus pokémon interagiam entre si de maneira amigável. Tomy e Snoopy não aparentavam terem rancor de sua batalha, e o pequeno Shinx corria agitado atrás do pokemon fantasmagórico.
    Não demorou até avistarem um garoto apoiado de maneira relaxada na lateral do navio, olhando em direção ao mar. Seu cotovelo se apoiava numa das barras enquanto sua mão servia de descanso para seu rosto. Observando de longe Kai teve a leve impressão de que talvez ele estivesse dormindo, ou talvez apenas fosse algo de sua imaginação e ele fechara os olhos para apreciar a brisa vinda do oceano.
    Curiosamente, mesmo quando já estavam bem próximas do garoto ele não aparentava perceber sua presença, sendo necessário que Kailani o tocasse levemente com a ponta de seu dedo. 
    O rapaz deu um salto para trás assustado mas logo se acalmando ao perceber de quem se tratava.
    — Que susto garota! – ele sorria genuinamente, mesmo que sua aparência sugerisse cansaço. Parou por um momento ao perceber que a garota não estava sozinha – Ei! Acho que já vi vocês pelo navio…
    — Claro que já nos vimos! Sempre vejo você na sala de batalhas. – Ayla responde para o garoto.
    — Ah sim! Você é a garota que desenha as batalhas ali das arquibancadas, né?
    Ayla afirmou positivamente com a cabeça, surpresa pelo rapaz ter notado sua presença que normalmente passava despercebida em meio as espalhafatosas batalhas que lá ocorriam. 
    Durante alguns momentos o pequeno grupo de jovens parou ali. Enquanto esperavam o desembarque dos passageiros ser liberado, fizeram as devidas apresentações e chegaram a trocar números, e para surpresa das garotas Oliver carregava consigo um aparelho em seu pulso semelhante a uma grande pulseira, que possuía detalhes em preto e azul com uma tela sensível ao toque, um Xtransceiver, objeto comum nas terras temperadas de Unova, mas que por algum motivo não fizera tanto sucesso em outras partes do mundo. Ainda assim o aparelho apresentava conectividade com celulares comuns.
    — Bem que desconfiei que você tinha cara de gringo. Tu é de Unova, né guri? – Ayla era direta ao ponto em suas afirmações.
    O garoto sorriu, concordando com um aceno.
    — Sou sim. De Castelia, para ser mais específico. – ele não parecia reagir bem a subitamente se tornar o centro das atenções, mas ainda assim contou um pouco de sua cidade natal, uma metrópole cheia de grandes prédios e de pessoas atarefadas, embora fosse de se surpreender o fato de que deu mais ênfase nos famosos Casteliacones do que nas ditas construções e multidões.
    Ele vinha de uma realidade totalmente diferente de Kai e sua cidadezinha. Talvez a pessoa que tivesse uma noção mais próxima da dele seria Ayla. Capacia era a maior cidade de todo o arquipélago, um lugar belo com arranha-céus e tudo que se tem direito em uma cidade grande, desde uma faculdade para qual os jovens das ilhas vão estudar até o laboratório da região. Claro que grande parte do progresso obtido se deva a duas mulheres nascidas lá, as quais se destacaram em todo o mundo em suas respectivas áreas, embora em intervalos de tempo diferentes, sendo estas a antiga professora da região de Decolore, Tulip Bell, e a treinadora Aurora, que ficou conhecida como a mulher que conquistou o mundo. As duas tiveram grande influência no desenvolvimento não só da ilha como também do resto do arquipélago. Elas atraíram olhares curiosos do mundo inteiro para estes pequenos amontoados de terra em meio aos grandes mares, e mostraram que aqui existia um potencial latente apenas aguardando o momento certo para mostrar seu brilho a todos.
    Durante um tempo eles ficaram ali, trocando vivências e histórias de suas vidas, enquanto aguardavam o já dito desembarque. Não durou muito até que Diego, o rapaz que auxiliara Kai no embarque  a algum tempo, aparecesse ali. Ele guiava as pessoas as dividindo em duas grandes filas para quem fosse desembarcar, sendo uma para os passageiros que encerrariam sua viagem por ali e precisavam sair levando todos os seus pertences, e outra para os passageiros que ainda seguiriam no navio, mas gostariam de conhecer a ilha. Estes podiam descer mais rapidamente e apenas apresentar seus cartões ao retornar pro navio.
    Os quatro caminharam até a fila “rápida”. Todos pretendiam voltar, e como não haviam ainda outras pessoas querendo desembarcar para turismo logo eles foram os primeiros a serem atendidos.
    Quando Diego avistou Kailani e Oliver esboçou uma expressão de susto ao vê-los ali.
    — Como vocês conseguiram chegar aqui? Todo dia vejo centenas de pessoas, mas certamente não me esqueceria da dupla de loucos que saíram correndo sem bagagens para a floresta quando o navio estava prestes a sair. – ele sorria enquanto lembrava da cena.
    As duas garotas que os acompanhavam também pareciam surpresas.
    — Você tem cara de santinha mas é o próprio Giratina né garota? – Ayla parecia se divertir imaginando o ocorrido.
    — Ei, não foi bem assim! – parou, e pensou um pouco – Quer dizer, foi, mas a gente teve nossos motivos! – concluiu.
    — Não quero imaginar o que vocês precisam fazer com tanta pressa no meio do mato - dessa vez era Rafaella que entrara na brincadeira. Ela parecia se soltar mais conforme o tempo passava.
    — Até você? – Kailani já parecia ter desistido de se justificar, podia explicar outra hora, caso decidissem lhe dar ouvidos.
    Todos fizeram os procedimentos padrão, tendo que recolher seus pokémon nas pokeball, podendo assim descer sem maiores problemas. Também foram avisados de que o navio passaria dois dias ancorado lá, sendo assim, teriam muito tempo para conhecer o lugar. Passaram por uma passarela branca que se ligava a uma escada e permitia que os passageiros descessem em segurança e simplicidade até o porto.
    No lugar não haviam muitas pessoas, apenas alguns funcionários circulavam levando malas e outras coisas e uns poucos transeuntes que se dirigiam a outros navios ali aportados, fazendo ajustes para as próximas viagens ou abastecendo os cargueiros. 
    O local não chegava a ser tão belo quanto Torom. Como tinham menos turistas logo não se preocupavam tanto com isso. Mesmo assim o local não era feio, sendo arrumadinho na medida do possível.
    Ayla e Rafaella já pareciam habituadas a viagens por lugares diferentes. Conversavam entre si sorrindo e analisando o que fariam nesse tempo, para elas era apenas mais um dia comum. Oliver não parecia animado, na verdade, surpreendente seria se ele estivesse animado com algo. O garoto apenas parecia apático ao ambiente ao seu redor.
    Por sua vez, Kailani estava agitada. Tudo era um novo mundo para ela, as pessoas se vestiam de formas diferentes, andavam de forma diferente, e até o ar parecia ser diferente!
    Durante um momento a garota simplesmente parou fechando seus olhos e inspirando o máximo de oxigênio que conseguia. Logo em seguida começou a tossir repetidamente.
    — Você tá bem? – Rafaella perguntou de forma preocupada.
    — Tô sim, só o ar que é meio pesado. – sua tosse começa a cessar.
    — Sei como é. Quando eu saí de Honey também tive dificuldade, mas depois você vai acostumando. Se precisar de algo estou aqui. – ela falou com gentileza. Não era tão extrovertida quanto sua companheira mas tinha sua própria forma de mostrar afeição. 
    O ar de Cave era mais poluído que o de Torom, muitas das minas haviam sido fechadas pelas péssimas condições mas ainda assim as que restaram mantinham a queima de carvão de maneira regular. Não chegava a ser poluído o suficiente para impedir que as pessoas vivessem normalmente, apenas para o azar de Kailani e Rafaella, que vinham de cidades com pouquíssima poluição. Para elas essa mudança era óbvia, já seus parceiros de viagem não pareciam notar nenhuma diferença. 
    Eles caminharam por um tempo. Oliver usava seu Xtransceiver para acessar um mapa da região, e assim guiá-los até um Centro Pokemon, locais onde os treinadores podem levar seus pokémon para receberem tratamento de forma gratuita e passar a noite em segurança sem muitos custos. 
    Enquanto passavam pelas ruas Kailani observava tudo com atenção, chegava a ficar para trás quando via algum ser desconhecido pela rua. Parecia uma criança que ganhara seu presente de Natal adiantado. Por vezes algumas pessoas a olhavam com estranhamento, mas ela não poderia se importar menos.
    Tudo para ela era novo e atrativo. A arquitetura da cidade e organização eram diferentes do que estava acostumada. As casas quase não tinham espaçamento entre si, em sua maioria eram brancas ou em algum tom de marrom, e seus telhados também eram padronizados, sendo que vistas de longe as casas se assemelhavam a uma grande fileira ininterrupta, variando apenas em tonalidade. Um rio cortava a cidade, vindo de uma das montanhas e desaguando no mar. Ao longe, próximo aos grandes montes de pedra, era possível ver algumas fábricas. Em seu caminho viram algumas praças e pontos com áreas verdes, mesmo que  o local fosse composto em sua maioria por longas subidas em ladeiras não tão íngremes. 
    — Por que estamos indo para um centro pokémon mesmo? – Kai perguntava, tentando puxar assunto, mesmo que parecesse mais interessada em um Excadrill que subia a rua ao lado de um homem. 
    — Nós precisamos de um lugar pra passar a noite, e ficar voltando ao navio dá muito trabalho. – respondeu Rafaella. – Sem contar que os Centro Pokemon são gratuitos para quem tem licença de treinador.
    — Ah! É mesmo, tinha esquecido… – Kailaini não sabia disso, nem tampouco tinha licença de treinadora, mas não tinha noção de como dizer isso.
    Após uns dez minutos de caminhada chegaram a uma construção que se diferenciava das demais. Era retangular como as casas e toda esbranquiçada. Seu telhado era vermelho, o que por si só chamava atenção em meio ao tons neutros, e em seu centro havia a representação de uma pokeball. Logo abaixo estavam a porta de entrada para o interior e algumas janelas ao seu lado.
    Passaram pela porta que se abria automaticamente, adentrando o ambiente climatizado. As paredes eram brancas com alguns cartazes oferecendo vagas de emprego ou divulgando competições para treinadores colados a elas. Em alguns bancos treinadores aguardavam pacientemente pela recuperação de seus pokémon e alguns Chansey e Audino andavam pela área carregando bandejas com remédios para os pacientes em estados mais graves, que ficavam nas áreas interiores, separadas das demais. Duas escadarias laterais levavam ao andar de cima onde ficavam os quartos para que os viajantes pudessem descansar.
    No centro do local havia um balcão circular onde uma mulher de cabelos castanhos estava. Esta usava um vestido rosado com detalhes laterais brancos, e em sua cabeça usava um chapeuzinho médico nas mesmas cores. No seu vestido era possível ver um crachá escrito em letra cursiva "Dra. Nilce" 
    — Boa tarde, em que posso ajudar vocês? – ela sorria educadamente.
    — Queremos alguns quartos para passar a noite. – disse Oliver
    — Eu e a Rafa podemos dividir um, a gente já tá acostumada. – disse Ayla prontamente.
    — Um momento. – ela acessou o computador em seu balcão, verificando a disponibilidade dos quartos. – Nós temos alguns livres sim, algum de vocês tem licença de treinador?
    Oliver moveu-se um passo para frente enquanto puxava de um dos bolsos uma carteirinha com o símbolo de Unova, a entregando para a enfermeira. O pequeno documento continha informações necessárias sobre o treinador, tal como seu nome, idade, número de registro e  dentre outras.
    Ela a analisou brevemente, embora tenha dado uma curta parada dado momento. O modelo era diferente do padrão usado na região, ainda que os dados fossem os mesmos.
    — Oliver Jones, confere? 
    Ele acena com a cabeça positivamente enquanto suspira.
    — Aqui estão as chaves. Seus quartos são os de número quatro, cinco e sete. – ela entrega nas mãos de Oliver as chaves, e este as redistribui para cada um dos envolvidos com os respectivos números marcados. – Espero que apreciem sua estadia.
    Pegando as chaves em suas mãos Ayla passou seu braço por cima dos ombros de Rafella a puxando para perto de si.
    — Nós vamos subir e depois precisamos resolver algo. Se precisarem de algo nos liguem, e não façam nada que eu não faria! — disse. 
    Terminou sua frase piscando para os outros dois e levando Rafaella consigo. Kai e Oliver observaram as duas amigas subindo as escadas. Vendo de longe elas eram até fofas, sendo que Rafaella era consideravelmente mais baixa que Ayla, o que fazia com que a menor precisasse dar quase dois passos para acompanhar a mais alta.
    Os que ficavam se viraram um para o outro, sem saber direito o que acontecera ali.
    — Bom, e agora? Fazemos o quê?

    ...


    Em meio aos túneis de rocha uma garota vagava já sem ânimo. Estava lá há horas. Nem sinal do que tanto buscava. Já se arrependia daquilo tudo e caminhava usando todo o seu ódio daquele espaço apertado. Se sua chama se mantinha viva, certamente ela não se usava de um poder da amizade ou algo do tipo, tudo o que lhe mantinha seguindo em frente era sua própria determinação.
    — Ei Kiara, acho que não foi dessa vez. – ela força um sorriso no rosto, mas não é o suficiente para enganar sua fiel parceira canina.
     A Arcanine, percebendo a tristeza de sua dona, se encosta em suas pernas balançando sua cabeça e fazendo com que ela afague sua juba numa singela tentativa de fazer seu humor melhorar.
    Ainda que esse breve momento fizesse com que ela olhasse os arredores com mais calma, agora percebia que as antigas reminiscências da presença humana não estavam mais lá. Tudo o que ela via era a rocha cavada de maneira irregular e bruta, como se uma grande criatura tivesse imposto toda sua fúria naqueles corredores e criado sua própria passagem.
    — Ah não...
    Estava tão distraída com suas conclusões sobre o que poderia ter forçado uma passagem ali que não percebera estar caminhando diretamente para a cauda de um grande ser. Tropeçou naquilo, indo ao chão e praguejando alto, com alguns arranhados que sofrera na queda.
    — MAS QUE DESGRAÇA É ESSA?
    Olhou o entorno,  e logo focalizou num ponto onde via uma imponente sombra  que julgara se tratar de um ser vivo, mas não conseguia diferenciar bem em meio a escuridão que tipo de criatura seria aquela.
    Retirou de um dos bolsos em sua camisa um aparelho vermelho que se assemelhava a uma agenda, que ao se abrir tinha diversos botões e uma tela no meio. O objeto acendeu seu ecrã e apitou quando ela apontou na direção do vulto, emitindo então uma voz robótica.

    " Steelix, o pokémon serpente de aço. Possuem uma espessa camada de ferro que os defendem de ataques. Muitos se originam nas profundezas da terra, quando um Onix absorve muito ferro e fortifica sua defesa em meio ao calor."

    Quando a máquina parou de “falar” a garota pôde ouvir o som de ferro batendo contra uma pedra. O Steelix despertara com o ruído robótico e agora se virava furioso na direção de quem invadira seu território. Ela então conseguiu vê-lo melhor, seu corpo inteiro parecia, tal como o era, feito de aço e sua cabeça apresentava uma bocarra que poderia lhe esmagar com facilidade.
    — Tá de sacanagem comigo...CORRE KIARA!
    As duas correram para a direção da qual vieram o mais rápido que podiam. O gigante de aço, percebendo que seus incômodos visitantes fugiam, parecia ainda mais irado. Ele abriu sua grande boca, emitindo um longo e sonoro ruído metálico que ecoou pela caverna inteira, despertando qualquer ser que vivesse ali enquanto disparava em busca da garota de cabelos ruivos.

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    1. Meu deus a caverna tem zubat e woobat, haja repelente!!!


      Fala meu consagrado e amado Grovy! Cadê o capítulo 5?
      "Mas eu acabei de postar o 4..."
      Sem desculpa grovy, eu quero o 5!!! Culpa sua de terminar neste cliff hanger, quero ver o primo do Nur pegando a ruiva e brigando com a arcanine.

      Kai sem licença de treinador? vish alguem de um documento para essa louca viajante!

      Cheirinho de poluição ^^ delicia de ilha kkkk passando longe lol

      Até mais Grovy, ve se não demore a escever o 5, falou!

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      1. SEGUREM SEUS REPEL QUE A CAVERNA É FULL INFESTADA

        Hey Anan, como vai meu consagrado?

        O capítulo 5 sai em breve, vou tentar não atrasar mais de um mês dessa vez hauahauahaushaua

        É engraçado que eu escrevi esse cap antes de ter lido o 2 de Sinnoh daí eu só vi que tinha um Steelix em Canalave depois de quase um mês HAUAHAUAAHSUAHAUAH, mas prometo que teremos uma boa batalha.

        Kai infelizmente não tem licença, não é como se ela precisasse batalhar contra ginásios então não chega a ser tão importante, mas pode gerar algumas complicações aqui e ali.

        Aquele cheirinho de poluição acompanhado de um problema respiratório

        See Ya Anan, não irei demorar kkk

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    2. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

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    3. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA QUE CAVERNA DO DEMONIO ZUBATS E WOOBATS É IMPOSSÍVEL SAIR DESSE LUGAR
      Vc apresenta uma personagem nova que agora q eu percebi que não tem nome. De tanto lugar pra se enfiar ela entra numa caverna do demo com um Arcanine e uma lanterninha meia boca sem um mapa, É ÓBVIO que ia dar ruim. De algum modo que não sei como a Kai podia pegar esse Steelix e DOMINAR O MUNDO.
      Eu amo a Kai e o jeitinho dela AAAAAAA Essa Rafaella é muito fofa, gostei do jeitnho meigo dela e embora shippe a Kai com a Ayla posso aceita Rayla.
      To vendo que até o final dessa jornada já vai ter notícias da Kai pelo continente inteiro, a começar com ela perdendo o navio e correndo desesperadamente por ele depois. Melhor parte foi ela se fazendo de sonsa sem ter sua licença para treinador e se hospedando no CP huehuehue. Quero saber se e como ela vai encontrar a moça de cabelos vermelhos.
      Até a próxima, Grovy! Ansiosa por mais episódios na jornada em busca do One Piece, digo, pelo mel.

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      1. MORCEGOS POR TODA PARTE, FUI EXPLORAR UMA CAVERNA, SEM QUERER CHEGUEI NA BATCAVERNA E OLHA NO QUE DEU.

        Nossa personagem misteriosa até o momento sem nome continua fazendo suas aparições aqui e ali, talvez ela precisasse fazer um planejamento melhor de suas explorações, tadinha só falha, mas juro que ela será importante haushsuahaushs

        E DOMINAR O MUNDO COM UM STEELIX NÃO É UMA MÁ IDÉIA, SAIR DESTRUINDO TUDO POR ONDE VOCÊ PASSA.

        Rafaella é uma personagem doce como mel( pq ela é de Honey? Sacou? Doce como mel? A piada foi ruim), E SHIPPS, será que se realizarão? Talvez, mas eu achei Rayla um nome de shipp adorável.

        Kai vai deixando sua marca por onde ela passa, se essa marca é boa ou ruim já é outra história, mas ela deixa haushsuahaushs

        Pobre Kai, ninguém avisou que precisava ter licença, mas será que teremos esse encontro?

        See Ya Carol, espero que goste dos próximos caps na busca do One Pie...digo, do mel.

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    4. Eae Grovy, tubom?

      Nossa ruivinha continua procurando "aquilo". Sim, "aquilo"...
      Bem, ela parece ser um treinadora experiente, mas seus objetivos são misteriosos e seus pokémon são seres de por café.

      Kai correndo sem motivo nenhum (e ela admite) reencontra Ayla, agora junta de sua "amiga", Rafaella. Logo depois eles se encontram com Oliver. Gostei como você descreveu a relação e a conversa entre o grupo. A personalidade de cada um ficou bem demonstrada.

      Então quer dizer que apenas um do grupo precisa ter uma licença para se hospedar em um centro pokémon. Bem, isso facilita as coisas para nossa Kai. Mas ainda me pergunto se ela vai conseguir sua própria licença.

      E no final a ruiva encontra um steelix selvagem. Bem, se fu- Vamos ver o que acontece no próximo capítulo!
      E é isso, Grovy, até a mais ver!

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      1. Hey Alefin, tudo ótimo, e você meu querido?

        Sim sim....aquilo....aquilo lá....aquilo mesmo....Zabuza Momochi...o demônio do gás oculto....não pera
        Tadinho dos mons delas, ela arrasta os coitados por aí daí eles vão ficando desmotivados hsuahaushs

        O melhor motivo pra correr é correr apenas por não ter motivo, e nessa parte juntou uma galera, personagem pra tudo quanto é lado falando da vida, mas fico feliz que eles se diferenciaram hsuahaushs

        Yup, apenas um membro ter a licença facilita o trabalho de nossas enfermeiras e agiliza o processo de ficar organizando jovis, e quem sabe menina Kai arranja sua própria licença algum dia.

        Bem, se ela está procurando algo numa caverna e encontra uma criatura que mora nesses lugares não dá pra ela reclamar haushsuahaushs, mas veremos como ela lida com a situação.

        See Ya Alefin

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